domingo, 16 de março de 2008

Nossa nova economia – o indivíduo 2

Nosso conhecimento provém de verdades que assumimos e a partir das quais passamos a tentar entender o mundo. A uma criança não se consegue ensinar todos os prós e os contras de se utilizar o fogo, por isto se costuma ensinar que o fogo queima e se queimar é mau. O mesmo vale para “não fale com estranhos” ou "não corra com tesouras".

Obviamente que não reduzo estas “verdades iniciais” aos três casos citados. O ensino religioso, por exemplo, constitui uma forma de fornecer um certo patamar inicial a partir do qual se espera que surja um indivíduo.

Todavia, antes de nos adentrar neste limbo sobre verdades (uma discussão sobre moral) iniciemos discorrendo sobre o que entendemos ser o ser humano. Apesar de parecer ser meio despropositado tocar neste tema, é de vital importância definir previamente o que é o nosso objeto de estudo.

Consideramos o ser humano como um animal com maior potencialidade mental para abstrair. Potencialidade sendo neste caso o quanto o indivíduo é capaz de se desenvolver, não implicando que este venha necessariamente a trabalhar e desenvolver este potencial. Ademais, o homem também é governado por instintos tais como animais, sendo que nada garante que uma pessoa venha a se diferenciar dos demais animais.

Baseados nisto, nós defendemos e ambicionamos indivíduos que busquem desenvolver suas potencialidades, que busquem deixar o estado animal. A nós não basta que uma pessoa esteja viva, é condição necessária que ela se desenvolva, que ela encare a vida e tente transformar sua realidade de acordo com suas convicções, vontades e ambições.

Nosso problema se torna então fornecer as condições para que surja tal desenvolvimento. Para isto, o estudo da economia não pode se abster de discorrer sobre o campo da moralidade, sobre o plano do que é socialmente desejado.

Freud argumenta que o homem é capaz de armazenar energia sexual e que esta flui de modo a criar desejos e ações. Todavia, em seu estudo psicanalítico, ele mostra que esta energia pode ser sublimada, de modo que ela deixe de atender a determinados objetivos vistos como não desejáveis para atender a outros que sejam desejáveis. Os estímulos para esta sublimação viriam não apenas de uma capacidade inerente a natureza humana, mas também e principalmente, do meio externo.

Por isto, o estudo da nossa economia tem de necessariamente passar pelo campo de como fazer com que indivíduos venham a transformar esta energia canalizada de forma a que venham a desenvolver suas potencialidades, de modo que eles tenham coragem de enfrentar todos os dissabores da vida e a tentar transformar suas realidades. A economia tem que criar condições não para que as pessoas sigam as outras, e sim para que elas aprendam a seguir a si mesmas.

Para isto não nos basta estudar relações consideradas econômicas apenas, mas também nos é necessário nos aventurar no campo da moral, no campo constituinte das primeiras bases para a formação de um indivíduo. Nós precisamos nos focar no problema da educação.

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