domingo, 16 de março de 2008

Nossa nova economia – o indivíduo

O indivíduo é o principal objeto de estudo da economia. É dele que começa toda a análise e é em função dele que se estabelecem prioridades. O objetivo da economia, pelo menos o da nossa, é o de promover condições para que cada um possa desenvolver ao máximo seus potenciais, possam através de seus próprios esforços alcançarem os objetivos que decidirem[1].

Para nós, todas as ações dos indivíduos são mentalmente determinadas, ou seja, nenhuma ação é aleatória. Isto não implica em afirmar que todas as ações sejam tomadas com algum sentido, que elas sejam determinadas por um processo consciente, sejam dotadas de intenção. Quer dizer apenas que não existe nenhum sentido de probabilidade envolvendo a ação, que nenhuma ação se dá por ter sido ela sorteada.

As ações das pessoas são geradas a partir de vontades. Por vezes nós temos clareza de nossas vontades e agimos de acordo com ela. Uma pessoa que tem sono e vai se deitar para dormir é um exemplo claro. Ninguém se oporia a idéia que foi a vontade de dormir que fez com que a pessoa fosse dormir.

Todavia, nem sempre é assim que se opera a mente humana. Por vezes surgem nas pessoas vontades ambíguas, vontades mais primárias como o sono que faz uma pessoa ir se deitar e associadas a outras vontades. Estas outras vontades podem ser conhecidas ou uma não, de modo que a ação resultante pode não ter uma motivação clara por detrás.

Por exemplo, quem nunca vivenciou um caso de comprar uma peça de roupa e logo após a compra começar a se perguntar o porquê de ter comprado a peça. Ou então não passou por uma situação onde se almeja dizer uma coisa, mas se acaba dizendo diretamente o oposto. Mesmo no exemplo do sono, quem nunca teve dificuldade para ir se deitar mesmo estando com vontade de ir dormir e sem ter nenhum impedimento para atender esta necessidade?

Ao final de 2007, por exemplo, um dirigente do Palmeiras foi perguntado sobre se um determinado jogador de identidade desconhecida pelo público era jogador do São Paulo ou do Grêmio, e por um ato falho ele acabou revelando o nome de um jogador.

Este equívoco do dirigente pode ser considerado por alguns como um mero ato falho, o qual poderia ou não ter ocorrido tal como se fosse um evento probabilístico. Mas para nós este evento não foi aleatório, ele revela que apesar de existir no dirigente a vontade de manter sigilo sobre o nome do jogador ele também sentia vontade de revelar seu nome, vontade esta que acabou prevalecendo.

Este tópico pode ser mais bem estudado através da leitura das conferências introdutórias sobre psicanálise de Freud, realizadas entre 1915 e 1916. Nelas, se encontram uma explicação muito mais minuciosa e clara, com exemplos muito melhor definidos e com uma terminologia melhor apresentada.

Para nós, cabe apenas a conclusão que as ações de um indivíduo podem ser motivadas de três modos. No primeiro, a pessoa toma uma decisão premeditada e executa a ação com clareza. No segundo caso, a vontade que se pretende realizar é perturbada por uma vontade que não queremos por algum motivo realizar, tal como no caso do dirigente palmeirense.

No terceiro caso, a intenção perturbadora não nos é conhecida, o que faz com que a ação seja executada de um modo diferente do pretendido anteriormente e que não se tenha clareza do porquê tal coisa tenha ocorrido.

O fato relevante desta interpretação sobre o indivíduo, sobre a crença no total determinismo mental da ação humana, é o de determinar o que leva a uma pessoa a ignorar uma vontade para atender a outra, de modo a até ignorar que se deseja algo.


[1] Assunto este que será abordado em outro tópico.

Quem quiser ver outro exemplo destas falhas, veja o seguinte vídeo no youtube

http://youtube.com/watch?v=N46FJ3hJ_k4

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