quinta-feira, 27 de março de 2008

Nossa nova economia - o indivíduo 3

Torna-se relevante discutir um pouco mais sobre o indivíduo, discorrer um pouco sobre o que implica um indivíduo desenvolver um paixão pela vida de modo a querer interfirir no mundo em que vive e sobre a existência de vontades submersas que por vezes relutamos em reconhecer. Todavia, devido a questões de espaço e organização só abordaremos o primeiro tópico nesta postagem, sendo o segundo abordado posteriormente.

Um indivíduo pode querer fazer tudo, aprender sobre tudo, mas em sua vida ele não conseguira fazer muito visto que nosso tempo na terra é limitado, ou seja, é escasso. Logo o que nos cabe sempre é ou tentar atuar em diversas áreas e fazer muito pouco em cada, nos dedicar a poucas áreas e fazer e fazer algo bem feito ou ficar sem fazer nada.

Considerando estas três possibilidades que são as únicas possíveis e mutuamente excludentes e lembrando do nosso objetivo de intervir sobre o mundo, temos por conseqüência lógica que o indivíduo não pode querer se debruçar sobre todo o conhecimento existência nem ficar sem fazer nada. Este fato é facilmente justificado e aceito, visto que não conheço quem prefira um médico que também seja cantor, mímico e bailarino a um que só se dedique a sua profissão.

Note que isto não implica dizer que um ortopedista só deva se preocupar em estudar sobre pés. Afinal, o pé faz parte de um organismo mais complexo e aprender sobre ele pode ajudar a entender melhor o pé. Estudar um pouco de psicologia pode ajudá-lo a entender melhor seus pacientes e com isto ele pode realizar melhores diagnósticos, sendo que nem por isto ele tem que se tornar um analista ou um psicólogo.

De fato, o que ocorre é que uma pessoa, para ser capaz de atuar sobre o mundo ela tem que se desenvolver até conseguir força suficiente para isto. Logo ela tem que de certo modo se especializar. Isto não implica que ela deva estudar só um campo de conhecimento, mas sim que ela vai buscar em uma vasta área de conhecimentos meios de desenvolver melhor as suas capacidades especificas, tais como um ortopedista que venha a estudar um pouco de Freud. Por conseqüência, a pessoa acabará sentindo desprezo por tudo aquilo que não a interessar.

domingo, 16 de março de 2008

Nossa nova economia – o indivíduo 2

Nosso conhecimento provém de verdades que assumimos e a partir das quais passamos a tentar entender o mundo. A uma criança não se consegue ensinar todos os prós e os contras de se utilizar o fogo, por isto se costuma ensinar que o fogo queima e se queimar é mau. O mesmo vale para “não fale com estranhos” ou "não corra com tesouras".

Obviamente que não reduzo estas “verdades iniciais” aos três casos citados. O ensino religioso, por exemplo, constitui uma forma de fornecer um certo patamar inicial a partir do qual se espera que surja um indivíduo.

Todavia, antes de nos adentrar neste limbo sobre verdades (uma discussão sobre moral) iniciemos discorrendo sobre o que entendemos ser o ser humano. Apesar de parecer ser meio despropositado tocar neste tema, é de vital importância definir previamente o que é o nosso objeto de estudo.

Consideramos o ser humano como um animal com maior potencialidade mental para abstrair. Potencialidade sendo neste caso o quanto o indivíduo é capaz de se desenvolver, não implicando que este venha necessariamente a trabalhar e desenvolver este potencial. Ademais, o homem também é governado por instintos tais como animais, sendo que nada garante que uma pessoa venha a se diferenciar dos demais animais.

Baseados nisto, nós defendemos e ambicionamos indivíduos que busquem desenvolver suas potencialidades, que busquem deixar o estado animal. A nós não basta que uma pessoa esteja viva, é condição necessária que ela se desenvolva, que ela encare a vida e tente transformar sua realidade de acordo com suas convicções, vontades e ambições.

Nosso problema se torna então fornecer as condições para que surja tal desenvolvimento. Para isto, o estudo da economia não pode se abster de discorrer sobre o campo da moralidade, sobre o plano do que é socialmente desejado.

Freud argumenta que o homem é capaz de armazenar energia sexual e que esta flui de modo a criar desejos e ações. Todavia, em seu estudo psicanalítico, ele mostra que esta energia pode ser sublimada, de modo que ela deixe de atender a determinados objetivos vistos como não desejáveis para atender a outros que sejam desejáveis. Os estímulos para esta sublimação viriam não apenas de uma capacidade inerente a natureza humana, mas também e principalmente, do meio externo.

Por isto, o estudo da nossa economia tem de necessariamente passar pelo campo de como fazer com que indivíduos venham a transformar esta energia canalizada de forma a que venham a desenvolver suas potencialidades, de modo que eles tenham coragem de enfrentar todos os dissabores da vida e a tentar transformar suas realidades. A economia tem que criar condições não para que as pessoas sigam as outras, e sim para que elas aprendam a seguir a si mesmas.

Para isto não nos basta estudar relações consideradas econômicas apenas, mas também nos é necessário nos aventurar no campo da moral, no campo constituinte das primeiras bases para a formação de um indivíduo. Nós precisamos nos focar no problema da educação.

Nossa nova economia – nossos objetivos

O objetivo da nossa economia é o de fornecer ao maior número de pessoas interessadas as condições de alcançarem seus objetivos pessoais. Cabe notar neste caso que é uma condição necessária que os indivíduos tenham objetivos, que não almejem apenas a sobrevivência.

Para tanto, temos que diferenciar as condições como sendo úteis, necessárias ou suficientes para se atingir um objetivo. Vejamos alguns exemplos para tais conceitos ficarem um pouco mais claros.

Vamos supor que uma pessoa esteja com fome e tenha por objetivo sacia-la. Caso ele decida comer uma banana, este meio será útil para atingir o objetivo e pode mesmo ser suficiente, caso ele venha a comer uma quantidade grande de bananas. Contudo, não se trata de uma condição necessária para matar a fome, visto que para aplacar a fome podem-se comer outras coisas.

Já comer pode ser considerado uma condição necessária para se aplacar a fome, mas não suficiente. Isto porque quem come uma quantidade pequena de comida não aplaca sua fome, o comer somado a uma quantidade grande de comida se tornam em condições suficientes e necessárias.

Portanto, o objetivo de nossa economia é o de possibilitar que os indivíduos sejam capazes de se desenvolver, se atingir metas, fornecendo para isto condições mínimas necessárias, porém não suficientes.

Diriam alguns que se uma pessoa tem condições matérias para fazer escolhas, quaisquer que sejam suas ações ela estará almejando alcançar seus objetivos. Contudo nós propomos uma análise mais minuciosa sobre o indivíduo, de forma que esta análise não fique tão simplista.

Nossa nova economia – o indivíduo

O indivíduo é o principal objeto de estudo da economia. É dele que começa toda a análise e é em função dele que se estabelecem prioridades. O objetivo da economia, pelo menos o da nossa, é o de promover condições para que cada um possa desenvolver ao máximo seus potenciais, possam através de seus próprios esforços alcançarem os objetivos que decidirem[1].

Para nós, todas as ações dos indivíduos são mentalmente determinadas, ou seja, nenhuma ação é aleatória. Isto não implica em afirmar que todas as ações sejam tomadas com algum sentido, que elas sejam determinadas por um processo consciente, sejam dotadas de intenção. Quer dizer apenas que não existe nenhum sentido de probabilidade envolvendo a ação, que nenhuma ação se dá por ter sido ela sorteada.

As ações das pessoas são geradas a partir de vontades. Por vezes nós temos clareza de nossas vontades e agimos de acordo com ela. Uma pessoa que tem sono e vai se deitar para dormir é um exemplo claro. Ninguém se oporia a idéia que foi a vontade de dormir que fez com que a pessoa fosse dormir.

Todavia, nem sempre é assim que se opera a mente humana. Por vezes surgem nas pessoas vontades ambíguas, vontades mais primárias como o sono que faz uma pessoa ir se deitar e associadas a outras vontades. Estas outras vontades podem ser conhecidas ou uma não, de modo que a ação resultante pode não ter uma motivação clara por detrás.

Por exemplo, quem nunca vivenciou um caso de comprar uma peça de roupa e logo após a compra começar a se perguntar o porquê de ter comprado a peça. Ou então não passou por uma situação onde se almeja dizer uma coisa, mas se acaba dizendo diretamente o oposto. Mesmo no exemplo do sono, quem nunca teve dificuldade para ir se deitar mesmo estando com vontade de ir dormir e sem ter nenhum impedimento para atender esta necessidade?

Ao final de 2007, por exemplo, um dirigente do Palmeiras foi perguntado sobre se um determinado jogador de identidade desconhecida pelo público era jogador do São Paulo ou do Grêmio, e por um ato falho ele acabou revelando o nome de um jogador.

Este equívoco do dirigente pode ser considerado por alguns como um mero ato falho, o qual poderia ou não ter ocorrido tal como se fosse um evento probabilístico. Mas para nós este evento não foi aleatório, ele revela que apesar de existir no dirigente a vontade de manter sigilo sobre o nome do jogador ele também sentia vontade de revelar seu nome, vontade esta que acabou prevalecendo.

Este tópico pode ser mais bem estudado através da leitura das conferências introdutórias sobre psicanálise de Freud, realizadas entre 1915 e 1916. Nelas, se encontram uma explicação muito mais minuciosa e clara, com exemplos muito melhor definidos e com uma terminologia melhor apresentada.

Para nós, cabe apenas a conclusão que as ações de um indivíduo podem ser motivadas de três modos. No primeiro, a pessoa toma uma decisão premeditada e executa a ação com clareza. No segundo caso, a vontade que se pretende realizar é perturbada por uma vontade que não queremos por algum motivo realizar, tal como no caso do dirigente palmeirense.

No terceiro caso, a intenção perturbadora não nos é conhecida, o que faz com que a ação seja executada de um modo diferente do pretendido anteriormente e que não se tenha clareza do porquê tal coisa tenha ocorrido.

O fato relevante desta interpretação sobre o indivíduo, sobre a crença no total determinismo mental da ação humana, é o de determinar o que leva a uma pessoa a ignorar uma vontade para atender a outra, de modo a até ignorar que se deseja algo.


[1] Assunto este que será abordado em outro tópico.

Quem quiser ver outro exemplo destas falhas, veja o seguinte vídeo no youtube

http://youtube.com/watch?v=N46FJ3hJ_k4

Nossa nova economia - introdução

Este primeiro texto visa apresentar um projeto de uma teoria econômica, o qual tem por objetivo maior apresentar conceitos e instrumentos baseados em uma concepção de indivíduo diferente da usualmente utilizada na ciência econômica.

Devo ressaltar que muito provavelmente nada nestes textos deva ser verdadeiramente novo, mas a agregação das informações talvez seja de alguma utilidade. Todavia, a motivação maior que me leva a escrever é ordenar conhecimentos e idéias que aprendi de um modo que estes possam servir de instrumento para compreensão da realidade.

Embora exista esta grande preocupação com a realidade, o método de abordagem deste texto será principalmente dedutivo, sendo que toda a experiência e fato históricos a serem apresentados deverão estar relacionados a alguma teoria. Dado que um fato só se torna objetivo que analisamos o evento do maior número de ângulos possível, nenhum fato deve ser apresentado despido de uma teoria, visto que de outro modo se trata apenas de uma observação realizada a partir de um ponto de vista dos diversos possíveis. Este tema deverá ser abordado de modo mais profundo em um novo tópico.

Todos os tópicos deverão ser apresentados de forma incompleta, visto que não somente novas leituras podem influenciar o que já foi escrito como também idéias abordadas em um tópico pode ser abordada em outros. Além disto, deste modo sempre me será possível me esquivar de um equívoco dizendo que o texto ainda não esta completo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um indivíduo em sí não tem a menor importância.

Uma babaquice é dizer "Cada ser humano é único e por isto cada um tem o seu valor". Burrice é dizer isto e depois afirmar que "todo mundo é substituível" o que equivale a dizer o mundo não sente a falta de ninguém. Mas de fato, o que se observa é que o mundo sente a falta de algumas pessoas e se recente da existência de outras.

Alguém como Mozart, que morreu jovem e pobre, faz falta. Einstein, Beethoven, Newton, Leonardo da Vinci, Shakespeare e muito outros também. Alguns ainda podem não ter sido descobertos e posteriormente se notar que outras pessoas também fazem falta. Mas Ditão, fanático torcedor do Piraporinha de Bom Jesus não faz. Hitler e Stalin também não fazem falta, embora estes tenham ao menos tido uma importância histórica como símbolos do que o homem é capaz de fazer.

Eu imagino a humanidade da seguinte forma: um oceano de pessoas cuja única ambição é viver uma vida razoavelmente tranqüila e sem ter que fazer muito esforço. Pessoas que sabem que pensar não apenas cansa, mas também trás preocupações e angustias, algo que elas não desejam.

“Detesto, de saída, quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinhal.” (Albert Einstein")

Como conseqüência, esta pessoas precisam de alguém que as digam o que é certo e o que é errado para elas poderem pautar suas decisões. Se um tio de bigode diz que tem que matar judeus e negros e todo mundo esta fazendo eu também vou fazer, não porque eu sou mal, mas sim porque é mais fácil fazer o que os outros fazem do que ter que parar para pensar no que fazer e descobrir que o certo é fazer exatamente o contrário, o que traria muitos problemas.

Já as regras impostas precisam ser amplas o suficiente para servirem de guia nas mais diferentes situações e atender as reivindicações de um grupo de pessoas. Ademais, devem existir gurus para transmitir a mensagem e auxiliar as pessoas que tiverem dúvidas, podendo para isto existir um líder ou mesmo diversos gurus com diploma de psicologia ou com passe livre nos corredores da Daslu.

Logo, eu consigo identificar em algumas pessoas características que claramente a tornam diferente dos demais animais, mas na maioria não. Para mim, é como se a maioria das pessoas fossem como macacos dotados de uma enorme capacidade, mas que só usam esta capacidade para atingir os mesmos objetivos de macaco.

Para deixar claro, para mim um macaco só quer saber de se reproduzir, brincar e dormir, não interessado em trabalhar, produzir ou desenvolver suas capacidades. Ou seja, um ser que por muito pouco não pode ingressar em uma torcida organizada.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Nº7

Hoje estou afim de falar daquelas palavras que abrem todas as portas, da verdadeira senha para todos os tesouros. Há, quem me dera ser inteligente o suficiente para usa-las sempre...

Toda frase minha deveria incluir o termo "bem estar social", ou pelo menos boa parte delas. Se belas mulheres submetessem ser corpos as taras dos feios, velhos ou doentes, qual não seria o ganho de bem estar social?! Quanta felicidade uma bela mulher não poderia gerar se ela se entregasse a cinquenta homens mal apessoados por ano... Duas mulheres fariam à felicidade de cem homens por ano, mil em uma década!!! Deveria existir uma lei que obrigasse a isto...

Bem estar social, três palavras que quando juntas são adoráveis. Poucas são as palavras que querem dizer tão pouco e que, ao mesmo tempo, abrem tantas portas, agradam a tantos ouvidos.

Não me entendam mal, não estou eu aqui pregando que o homem seja o lobo do homem, tenho severa preocupação quanto ao destino da humanidade. Sou simpático à reciclagem, a educação para todos, à cultura. Mas que tem a expressão bem estar social a ter com tudo isto?

Quando as pessoas ouvem “bem estar social” eles pensam: “isto deve ser coisa boa”. Pobres adoram pensar em termos de “bem estar social”. Ricos também gostam. E o mais fantástico, ninguém define o que seja isto!

Se me disserem que é favorecer a maioria em detrimento de uma minoria, não poderiam existir mulheres virgens. Pelo menos se estas forem belas. Se for distribuir tudo igualmente entre as pessoas, quem definiria quantas bananas equivale a um porsche? Um pobre diz que bom é distribuir renda. Um rico que garantir a propriedade gera mais riqueza para todos no futuro. E afinal de contas, que tudo isto importa?

O que importa é que cada pessoa tem uma idéia diferente de bem estar social e que eles estão tão ávidos para encontrar quem concorde com eles que basta dizer “temos que defender o bem estar social” que todos concordam, todos pensam: “este ai pensa como eu”.

Mas porque temos que defender o “bem estar social”? Porque é o certo a se fazer. Palavrinha maravilhosa esta: “certo”! Se alguém me perguntar o que eu faço, eu deveria responder: “eu busco fazer o certo, não comprometer o bem estar social e sem causar mal ao outros”.

Sejamos honestos, o que se defende? Depende da pessoa.

Os inteligentes defendem o próprio umbigo. O pobre defende que lhe dêem dinheiro. O rico que não lhe tomem. E alguns poucos aprender a ganhar dinheiro sendo diferente. Sempre existe aquele pobre que defende os interesses dos ricos e ganha dinheiro...

Os tolos aprendem a apanhar e acham que merecem. Cachorros e filhos costumam ser assim. Depois de muito apanhar eles passam a acreditar que merecem.

E por fim têm aqueles poucos, senão raros, que sabem o que querem da vida, que encontraram algo para que entregar suas vidas, que constroem a sua obra. Pessoas que do fundo do coração dizem “é fazendo isto que eu me realizo”. Não me entendam mal aqui, pois eu conheço poucos que talvez se enquadrem nesta categoria e muitos que acham que são assim – notadamente parte ou a totalidade dos tolos.