quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Nº2 devaneios noturnos

Um misto de ansiedade e preguiça se abateu em mim nesta madrugada e eu senti uma ânsia um tanto quanto despropositada de escrever.

Queria escrever sobre um caso que ouvi, sobre o assassinato de um pai de família que, ao deixar duas filhas e uma esposa desprotegidas, acabou permitindo que membros da comunidade onde vivia invadissem a casa para roubar e "desfrutar" das mulheres. De fato, por mais condenável que sejam estes comportamentos destes criminosos, não se deve deixar de notar que eles agiram de acordo com o que qualquer outro predador faria: atacar a presa mais frágil.

O propósito principal deste conto seria não chocar o leitor, mas sim o de defender a tese que o homem não se diferencia dos outros animais apenas por pertencer a espécie. Ou seja, argumentar que é a capacidade do ser humano de pensar, abstrair e de imaginar meios e objetivos que tragam maiores satisfações que o diferencia do mero animal¹.

Mas foi neste ponto que eu percebi todo o paradoxo desta minha intenção.

O desenvolvimento do animal homem na sua forma mais simples para algo mais desenvolvido implica em um esforço deste para desenvolver suas faculdades mentais e a de realizar trocas com os outros. Ou seja, para o ser humano deixar de ser um mero animal movido por instintos primitivos, ele precisa desenvolver a capacidade de se comunicar.

Logo, o texto que eu pretendia escrever seria não uma contribuição, mas sim um enaltecimento aos leitores do mesmo, pois todos os que fossem capazes de ler o que eu pretendia escrever já teriam transpassado este patamar inicial que separa os homens bestializados dos civilizados.

Portanto, este texto serviu apenas para me mostrar:
- A utilidade da preguiça: Por vezes nós achamos que temos que fazer algo, mas por motivos que desconhecemos deixamos de fazer. Mas este sentimento que chamamos de preguiça pode ser uma manifestação da nossa intuição que nos aponta que determinada ação deve ser infrutífera.
Foi o que aconteceu neste caso. A preguiça me salvou de escrever um texto totalmente despropositado. E a ausência de preguiça me indica que este texto pode não ser de todo inútil.

PS: Caso alguma feminista tenha se sentido ofendida, em partes como "homens bestializados" eu me refiro tanto a homens com a mulheres.

¹: Que me perdoem os ambientalistas e biólogos pelo mero animal.

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