sábado, 8 de dezembro de 2007

Nº7

Hoje estou afim de falar daquelas palavras que abrem todas as portas, da verdadeira senha para todos os tesouros. Há, quem me dera ser inteligente o suficiente para usa-las sempre...

Toda frase minha deveria incluir o termo "bem estar social", ou pelo menos boa parte delas. Se belas mulheres submetessem ser corpos as taras dos feios, velhos ou doentes, qual não seria o ganho de bem estar social?! Quanta felicidade uma bela mulher não poderia gerar se ela se entregasse a cinquenta homens mal apessoados por ano... Duas mulheres fariam à felicidade de cem homens por ano, mil em uma década!!! Deveria existir uma lei que obrigasse a isto...

Bem estar social, três palavras que quando juntas são adoráveis. Poucas são as palavras que querem dizer tão pouco e que, ao mesmo tempo, abrem tantas portas, agradam a tantos ouvidos.

Não me entendam mal, não estou eu aqui pregando que o homem seja o lobo do homem, tenho severa preocupação quanto ao destino da humanidade. Sou simpático à reciclagem, a educação para todos, à cultura. Mas que tem a expressão bem estar social a ter com tudo isto?

Quando as pessoas ouvem “bem estar social” eles pensam: “isto deve ser coisa boa”. Pobres adoram pensar em termos de “bem estar social”. Ricos também gostam. E o mais fantástico, ninguém define o que seja isto!

Se me disserem que é favorecer a maioria em detrimento de uma minoria, não poderiam existir mulheres virgens. Pelo menos se estas forem belas. Se for distribuir tudo igualmente entre as pessoas, quem definiria quantas bananas equivale a um porsche? Um pobre diz que bom é distribuir renda. Um rico que garantir a propriedade gera mais riqueza para todos no futuro. E afinal de contas, que tudo isto importa?

O que importa é que cada pessoa tem uma idéia diferente de bem estar social e que eles estão tão ávidos para encontrar quem concorde com eles que basta dizer “temos que defender o bem estar social” que todos concordam, todos pensam: “este ai pensa como eu”.

Mas porque temos que defender o “bem estar social”? Porque é o certo a se fazer. Palavrinha maravilhosa esta: “certo”! Se alguém me perguntar o que eu faço, eu deveria responder: “eu busco fazer o certo, não comprometer o bem estar social e sem causar mal ao outros”.

Sejamos honestos, o que se defende? Depende da pessoa.

Os inteligentes defendem o próprio umbigo. O pobre defende que lhe dêem dinheiro. O rico que não lhe tomem. E alguns poucos aprender a ganhar dinheiro sendo diferente. Sempre existe aquele pobre que defende os interesses dos ricos e ganha dinheiro...

Os tolos aprendem a apanhar e acham que merecem. Cachorros e filhos costumam ser assim. Depois de muito apanhar eles passam a acreditar que merecem.

E por fim têm aqueles poucos, senão raros, que sabem o que querem da vida, que encontraram algo para que entregar suas vidas, que constroem a sua obra. Pessoas que do fundo do coração dizem “é fazendo isto que eu me realizo”. Não me entendam mal aqui, pois eu conheço poucos que talvez se enquadrem nesta categoria e muitos que acham que são assim – notadamente parte ou a totalidade dos tolos.

sábado, 24 de novembro de 2007

Enquete

se um dia algum parente seu cometesse um assassinato por esporte, vc o denunciaria?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Nº 6

Inspirado no texto sobre ciência, resolvi escrever umas linhas sobre a escola austríaca de pensamento econômico. Apesar de ser sobre economia, espero que o texto agrade também a leitores de outras áreas de pensamento.

A escola austríaca é bastante lógica e coerente, sendo sua maior luta a defesa das liberdades individuais. A idéia principal é que o homem é um ser que age premeditadamente, que define suas ações a priori, e que ele estabelece metas e objetivos. Partindo disto, a escola austríaca estuda como que um indivíduo pode alcançar seus objetivos de modo mais eficiente. Vejamos o exemplo de um escravo.

Um escravo é um indivíduo que pode ser tratado como um objeto por seu dono, podendo ser vendido, agredido ou mesmo morto. Sabendo disto, o escravo tem de decidir se ele aceita obedecer as ordens do seu dono, ou seja, quem decide se ele vai trabalhar ou não continua sendo ele. Se ele tiver como objetivo principal sobreviver, ele provavelmente se decidirá por acatar as ordens ou até mesmo tentar fugir. De certo modo, ele ainda é livre para decidir.

Como o objetivo maior desta escola é a defesa das liberdades individuais, logicamente que ela não apoiará um sistema escravocrata. De acordo com ela, o ideal é que os indivíduos possuam o direito sobre a própria vida e sobre seus bens, que o mercado seja livre e que o governo interfira o mínimo possível, pois só assim estaria protegida a liberdade.

Eu acho esta escola de pensamento fascinante. O ponto de partida dela é simples: o indivíduo age propositadamente, ou seja, ele busca o máximo de satisfação possível. A partir disto, de uma análise lógica e de algumas hipóteses um tanto quanto triviais, ela chega a sua grande conclusão: Para ter liberdade, o indivíduo tem que ser livre.

Todo austríaco tem sempre a mesma resposta para qualquer problema econômico: os agentes têm que ser livres, pois assim o que for decidido é o melhor possível. Mas porque seria o melhor possível: porque ninguém melhor do que eu para decidir o que é bom para mim, o que implica que "ninguém tem o direito de obrigar àlguém a pagar por algo que ele não queira".

E com uma felicidade raramente vista fora de manicômios, eles criaram toda uma literatura para defender esta resposta. Examinam leis, casos hipotéticos, vasculham situações verificadas em qualquer momento da história. É tão simples que pouco custa fornecer exemplos:

- O governo deveria existir: Ninguém tem o direito de tomar o que é meu mesmo que via impostos, pois "ninguém tem o direito de obrigar àlguém a pagar por algo que ele não queira". Logo, se ele conseguir sobreviver sem cobrar imposto ele tem que apenas defender o direito de propriedade. O mercado fará o resto.

- A educação tem que ser pública: Não, pois ninguém tem cobrar impostos para financiar a rede pública e "ninguém tem o direito de obrigar àlguém a pagar por algo que ele não queira". Logo, deixe que o mercado encontre o ponto ótimo.

Para qualquer novo exemplo que alguém possa imaginar, lembre-se deste ensinamento quase bíblico, que "ninguém tem o direito de obrigar àlguém a pagar por algo que ele não queira". Lógico que existem diversos argumentos retóricos adicionais para justificar, mas só com a fé nesta máxima se é capaz de derivar todos os resultados.

O mais fascinante é como conseguir existir tal escola de pensamento, como eles conseguem andar em círculo com tanta vontade. De fato, eles falam em comportamento propositado, mas aparentemente o que eles mais fazem é correr atrás do próprio rabo.


terça-feira, 20 de novembro de 2007

Nº5

Percebo pelo texto Nº4 e por este que inicio a escrever que gosto de definições. Neste texto quero falar um pouco sobre a palavra poder. Não porque imagino que alguém desconheça seu significado, mas sim porque acredito que muitos não gostam dele e, por isto, acabam o substituindo.

Eu posso, tu podes. O poder está ligado à capacidade. Eu tenho boa saúde e posso ir andando até a padaria, sou capaz de fazê-lo. Um homem forte pode, se assim o quiser, matar uma pessoa mais fraca com as mãos. Digo e reafirmo, tanto pode matar que todo dia alguém morre nesta situação.

Note que não há diferença entre eu “poder” ir à padaria e um homem “poder” matar outro (só não digo que eu poderia matar a outro porque me falta o estômago para tal). Ambos os casos se tratam de uma mera análise das capacidades de cada um.

Muitos diriam que não se pode matar e, por conseqüência, estariam errados. Pode-se matar, roubar, dançar, pular. A questão que estas pessoas no fundo defendem é sobre se deve ou não permitir determinadas ações, ou seja, quais atos deveriam ser punidos. A maior prova disso é que existem assassinos e bandidos e que quando estes são identificados eles são punidos – embora nem sempre.

Mas então por que usar a palavra “pode” ao invés de "deve"? Por que cometer um erro tão banal? E a resposta pode vir em forma de pergunta: Quem disse que é um erro?

Primeiro tenhamos claro que dever é uma questão normativa, moral. Dizer que uma pessoa deve fazer algo equivale a falar que esta pessoa tem uma obrigação moral de fazê-la. Ademais, subentende-se que esta pessoa pode fazer o que lhe é cobrado, que ela é capaz de executar esta ação.

Já a idéia de poder, de potência, é totalmente amoral. Ela serve apenas para delimitar o que esta no campo do possível. É-me impossível voar balançando os braços ou atravessar uma parede. Então eu afirmo que eu não posso fazer tais coisas simplesmente devido a uma impossibilidade física, não porque considero errado.

Nenhuma destas definições trás novidade. Todavia, o detalhe está quando se busca fazer com que se acredito que o "eu não devo" seja igual ao "eu não posso". Vejamos um exemplo.

Imaginemos o caso das mulheres mulçumanas que cobrem todo o corpo de preto. Elas se vestem assim por uma imposição da religião, elas acreditam que não podem se vestir de outro modo. Note como soa natural dizer que elas não podem se vestir de outro modo.

Como ela acredita que ela não pode se vestir de outro modo ela não questiona, ela não escolhe se vai ou não se vestir deste modo. Se ela só pode se vestir de preto ela não tem escolha: a gente só pode fazer o que é possível (chega a ser extremamente redundante). De certo modo ela foi mutilada. Cortaram dela a capacidade de se vestir de outros modos, de explorar a sua imagem.¹

Ou seja, agora saindo do exemplo, o que acontece é que a troca entre os conceitos de dever e poder acaba tolhendo nossa capacidade de escolher. De fato, ao observar o nosso dia a dia, por diversas vezes nós dizemos e ouvimos a palavra poder no sentido de dever, sendo que no caso a mensagem deixa de ser “existe uma obrigação moral de proceder assim” e se transforma em “a única opção é proceder assim”.

E porque a escolha some? Porque aceitar uma forma única de proceder equivale a aceitar um código moral sem que nós conheçamos sua origem e suas conseqüências. Muitos dirão que isto importante para manter a paz, sendo que neste caso as pessoas não deixam de matar porque assim elas escolheram e sim porque lhes foi ensinado que existe um muro invisível que as impossibilita.

Óbvio que não podemos levar esta idéia ao extremo de achar que ela sempre se torna em uma imposição instransponível. Uma pessoa que acha que não pode roubar pode descobrir que ela de fato o pode em caso de extrema necessidade. Mas mesmo neste caso a pessoa não fez uma escolha, ela foi levada a agir de modo puramente instintivo para garantir sua sobrevivência.

A palavra poder consiste no verdadeiro destruidor da moral como um princípio universal. Ela sempre pode ser usada para testar as conseqüências de um preceito e mostrar se ele é útil ou não. E por conta disto ele é considerado tão perigoso e combatido: chama-se dever de poder para que as pessoas se esqueçam de tudo o que elas realmente podem fazer.

¹ se eu fosse CET agora com esta história de quem multa mais ganha mais eu colocaria uma cadeira de praia e um guarda-sol em frente alguma igreja bem movimentada, de preferência que ficasse em uma esquina. Ai, quando passasse um motorista e ele fizesse o sinal de cruz com alguma das mãos era só usar o art.54 e garantir mais uma multa.

“Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e ciclomotores só poderão circular nas vias:

II - segurando o guidom com as duas mãos;”

Nº4

Espero escrever aqui uma pequena resenha sobre o que eu considero ser ciência. Apesar de parecer tolo, considero este tema de profunda importância. Ademais, quero uma definição que seja simples.

Uma das conseqüências da inteligência é a inércia. Uma pessoa inteligente sempre é capaz de pensar na implicação da implicação, sempre se pergunta o porquê de um por que. Afinal, toda resposta é incompleta.

Um tolo que apanha revida acreditando estar fazendo justiça. Mas uma pessoa inteligente pensa se realmente seria justiça revidar. Pensa sobre o que é justiça, tenta compreender o porquê da agressão, o que levou alguém a bater... e com isto não faria nada.

Partindo disto, creio que ciência não é nada mais que impor um ponto de partida, no qual deixamos claro que para trás dele não sabemos o que tem nem queremos encontrar agora.

Acho esta definição muito mais útil que assumir que ciência é tudo aquilo que pode ser negado. Alias esta definição não é de todo correta a meu ver.

Para aqueles que não conhecem, tem na economia uma história do mercado de carros usados. Esta história não pode ser falseada, embora utilize várias hipóteses claramente falsas, e ainda assim é bastante útil para se compreender o funcionamento deste mercado. A mim seria muito estranho dizer que esta história pertence ao mundo dos romances e retira-la da economia.

Portanto, vejo que a ciência consiste em um ponto de partida para quebrar a inércia, que possibilite que a humanidade se desenvolva sem depender unicamente do aparecimento de gênios, capazes de navegar pelo infinito de possibilidades e voltar a tempo de nos mostrar um pouco do que eles viram.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Nº3 d

Então, baseado no exemplo visto no texto Nº3 c, vimos que a existência de um governo não se justifica por qualquer característica sobrenatural que o permita coordenar as demais pessoas de modo a deixar todo mundo em uma situação melhor. De fato, as pessoas concedem ao governo este poder sabendo das limitações do governo.

Antes de qualquer análise, todavia, cabe ressaltar o óbvio: não estou sugerindo que esta seja a origem do estado, só fiz um trabalho mental para examinar a situação mais desfavorável ao surgimento do estado e, para partir dela mostrar porque a existência do estado é imperativa.

O que acontece é que cada pessoa tem problemas demais para se preocupar e elas não estão dispostas a perder tempo com isto. Ou seja, as pessoas elegem prioridades e assumir responsabilidades só vale a pena até um certo ponto.

Então o que acontece? Os indivíduos se focam nos problemas que lhes dizem questão diretamente. Eu quero ser capaz de decidir a roupa que eu vou usar ou a profissão que vou exercer, mas não tenho interesse em determinar se o Manoel da padaria vai poder trafegar na rua em frente a minha casa cantarolando Sandy e Júnior.

Ou seja, temos que o governo deixou de ter um caráter de protetor de seus membros contra ameaças externas e passou a desempenhar uma função tal como se fosse uma empresa prestando serviços a sociedade. Pode parecer absurdo a primeira vista este argumento, mas observe que todos os elementos se encaixam.

De fato, o governo atua nos serviços que as pessoas sabem que são importantes o suficiente para não querer se privar totalmente da responsabilidade dele, mas que ao mesmo tempo eles não tem interesse em intervir pessoalmente. Esta é a própria idéia do voto: decidir sobre assuntos importantes uma vez a cada quatro anos.

O mais belo desta teoria é que ela explica não apenas a idéia do governo, mas também os porquês de vários dos “problemas do governo”. Vejamos os seguintes exemplos.

Uma das queixas ao governo é que ele não trata a todos como iguais, favorecendo aos mais ricos. Em bancos, diriam que este tratamento é prime, ou numa balada que o cara é VIP.

Outra crítica é que o governo nem sempre pensa no que é melhor para os cidadãos. Mas se o governo atua como uma empresa, ela tem que se preocupar é com os seus interesses, e isto implica que nem sempre as vontades do povo serão atendidas.

Mais dois pontos e eu encerro. O primeiro deles é sobre a exigência de que todos os cidadãos obedeçam às leis. Dizem que o governo não tem o direito de impor nada a população, que isto constitui um desrespeito aos direitos de propriedade.

Todavia, a falha deste argumento é que esta imposição não vem do governo e sim da sociedade. Se uma pessoa decidisse não participar das regras ela, mesmo sem desrespeitar os direitos de propriedades dos demais, traria enormes chateações para os demais indivíduos, os quais fingiriam não ver se o governo fizesse algo contra ele e recompensariam o agressor. Por exemplo, se uma pessoa fosse dona de parte da Avenida Paulista e ela quisesse impedir o tráfego de pessoas por ela, naturalmente ela morreria (como diria Yoda).

Por fim, em relação ao objetivo de maximizar lucro das empresas. Supondo serem os políticos os donos desta empresa, cada vez que sai no jornal o enorme volume de gastos da Câmara com seus membros pode ser considerada uma divisão dos lucros entre os sócios.

Portanto, temos que a existência do governo se justifica somente porque assim as pessoas desejam. Logo, assumir que a existência de governo é nociva aos interesses individuais é uma contradição.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Nº3 c

Vamos imaginar um mundo sem governo, onde todos os direitos de propriedades estão bem definidos (ou seja, todo mundo sabe a quem pertence cada bem) e todos os bens que hoje pertencem ao governo são de propriedade dos indivíduos. A única diferença neste exercício é que ao contrário de liberais que não possuem idade para dirigir, eu não vou supor que as pessoas respeitam estes direitos unicamente porque eles existem.

Ou seja, para ilustrar o parágrafo anterior, neste mundo as ruas são de propriedade dos indivíduos, assim como postes, energia, praças. Além disto, no caso de problemas como os gerados por som alto, as pessoas saberiam quem tem direito a ter silêncio ou a fazer barulho, e elas poderiam negociar para que uma pessoa pudesse comprar este direito.

Em um mundo como este, as pessoas teriam tantas posses, tantas propriedades, que ela teria custos muito elevados para poder gerir todo este patrimônio. Cada vez que em uma rua surgisse um buraco, seus donos teriam de se reunir para decidir por arrumá-lo ou não. A cada dia seria necessário negociar com os vizinhos quanto barulho podem produzir, a cada rua ou calçada que se passe alguém poderia cobrar pedágio.

Com tantos problemas para resolver, surgiriam empresas que ofereceriam o serviço de gerir parte deste patrimônio, notadamente a parcela que estivesse menos ligada as necessidades diárias dos indivíduos. Ou seja, para não terem de arcar com a chateação de passar uma vida apenas gerindo e negociando, as pessoas estariam dispostas a pagar para que outros cuidassem de seus bens.

Uma vez que surgem estas firmas (note que isto é imperativo, ou seja, estas firmas certamente surgiriam), com o passar do tempo verificar-se-ia um processo de concentração, o surgimento de poucas empresas grandes que dominassem todo o mercado.

Este processo de agromeração e surgimento de grandes empresas ocorreria pelo simples motivo que é mais barato para uma firma representar o seu cliente quando a outra parte também é representada por esta firma. Neste processo, no mínimo, seria eliminada a necessidade de uma segunda firma cobrar por esta negociação, o que por si só já basta para justificar o surgimento de oligopólio.

Ademais, o segundo motivo é a economia de tempo de negociação. Isto porque se uma firma representa todas as partes, temos que a negociação se da de modo instantâneo, enquanto que se esta tem de negociar com outras, ela certamente gastará algum tempo. Esta razão nos leva não só a uma grande concentração, mas também a quase um monopólio: somente com poucas empresas com um eficiente sistema de comunicação poderiam participar deste processo.

Ou seja, diversos dos bens que hoje consideramos públicos passariam a ser geridos por empresas privadas, embora estes bens continuem a pertencer aos indivíduos. Assim, ao invés de ter que negociar cada vez que quiser ligar um rádio ou andar por uma rua, as pessoas pagariam de tempos em tempos a estas empresas, tal como comprar com um cartão e pagar a fatura no final do mês.

Note que estas empresas não são governos. O governo controla todos os bens públicos, e neste exemplo às pessoas poderiam não conceder a nenhuma empresa este direito. Ademias, neste mundo as pessoas pagam apenas pelo o que elas usam, não são obrigadas a subsidiar o consumo de outras pessoas. Todavia, estas duas diferenças não perduram a um aprofundamento da análise.

Conforme mostramos anteriormente, as pessoas têm enormes vantagens em não precisar negociar com cada agente, o que vale também para as firmas. Mas além disto, temos também que cada cidadão que não transfere às empresas a administração destes bens de uso comum embute um custo a todos os demais.

Isto ocorre por dois motivos. O primeiro decorre da firma ter que negociar com um só agente, o que, conforme já exposto acima, levaria a uma significativa perda de tempo. O segundo fator é a falta de previsibilidade sobre a possibilidade de uso no futuro do bem, visto que um sujeito poderia muito bem bloquear a passagem por uma rua para homenegear sua amada esposa a despeito de qualquer problema que isto venha a acarretar.

Neste caso surge a possibilidade da maioria, através do uso da força, obrigar a estas pessoas que deleguem a administração de seus bens, o que nos leva a um novo cenário de avaliação de custo e benefício.

O benefício neste caso é evidente e já foi exposto atrás. Já o custo é um pouco mais abstrato. Ele consiste em um possível risco de uso da força contra minorias em situações futuras (problema este que, evidentemente, não preocupa a maioria) além de questões morais. Mas como questões morais só afligem ricos e loucos, novamente este problema não preocupa a maioria.¹

Já a questão do subsídio exige duas considerações. ² A primeira delas é o custo de monitorar o quanto cada um teria de pagar aos demais pelo uso dos bens, o que levaria a pagamentos aproximados dos indivíduos. A segunda é observar que o subsídio pode ser um pagamento dos indivíduos que estão se beneficiando dos resultados obtidos por outros agente.

Confesso que este exemplo pode apresentar algumas lacunas que por motivo de esquecimento, sono ou ignorância eu esqueci de preencher. Todavia, ele se mostra satisfatório para concluir o porquê o governo existe no Nº3 d.

¹Isto me lembra uma cena muito comum na infância, quando uma criança pequena tenta impedir que os mais velhos joguem bola só porque ele chegou primeiro a quadra...

² De fato, é capaz que mais considerações possam ser levantadas, mas meu sono, o horário avançado e minha pressa para publicar me fazem trabalhar só com estas...

domingo, 11 de novembro de 2007

Nº3b

Inicialmente, alguém pode defender a existência de um governo pela necessidade de existir algum mecanismo que garanta os direitos de propriedade. Alegar-se-ia que é necessário existir um agente que fosse mais forte que todos os demais e que se utiliza deste poder para combater qualquer infrator.

O problema com este argumento é que existem outros mecanismos de se atingir os mesmos resultados atingidos pela máquina estatal. Do mesmo modo em que as pessoas pagam impostos para que o governo possa fornecer segurança elas poderiam pagar para empresas privadas fornecerem este serviço. Como nos mostra a realidade e como nos indica o raciocínio, em ambos os casos - com a segurança sendo garantida pelo governo ou pelo setor privado - os serviços de seguranças só seriam de qualidade para os mais ricos. Afinal de contas, não é a toa que em qualquer lugar do mundo a justiça privilegia os mais ricos, esta é uma conseqüência inevitável ao conferir a agentes auto-interessados o poder de decidir sobre questões alheias.

Outro raciocínio que pode ser aplicado neste caso é que se o governo tem de proteger a propriedade e, como a vida tem perdido valor (matasse por conta de poucos reais), então aqueles que têm propriedades terão como contratar segurança e aqueles que nada tem não recebem proteção em qualquer um dos casos.

Mesmo ao considerarmos outras questões, tais como o julgamento de infrações, fornecimento de bens públicos ou a criação de uma rede de proteção social¹, ainda assim não existem argumentos para defender que o governo possua algum poder especial que garanta que só ele possa fazer algumas tarefas. Afinal de contas, porque supor que as pessoas com compõe o governo são melhores que as outras ou que elas podem construir uma organização dotada de capacidades únicas e especiais?

A verdadeira questão sobre a necessidade de um governo permeia todos os pontos abordados, mas não do modo como eles até agora foram tratados. Para poder perceber isto, vejamos o exemplo apresentado no texto Nº3 c.

¹As ONGs podem constituir uma forma privada de criação de uma rede de proteção social, embora não se pretenda aqui fazer qualquer tipo de enaltecimento a estas organizações.

sábado, 10 de novembro de 2007

Nº3

Recentemente um colega meu escreveu um texto sobre qual seria a necessidade da existência de governo¹. A argumentação dele consiste, em linhas gerais, que apesar de existirem problemas no funcionamento do mercado que faz com que ele não seja eficiente, a presença de uma máquina governamental não seria capaz de solucioná-la, pois não há porque acreditar que os governantes conseguem perceber aquilo que as outras pessoas não percebem e porque eles não tem uma preocupação em gerar o bem estar social, visto que assim como as demais pessoas eles também são auto interessados.

Esta análise do meu colega é um tanto interessante, e creio eu que deveria ser ensinada a todos os estudantes de economia. Ela combina diversos conceitos de economia com um tema de grande interesse para a área, o que forneceria um bom material de estudo para os alunos. Por fim, temos que o verdadeiro exercício dos estudantes seria descobrir porque a argumentação dele está equivocada.

Mas porque podemos afirmar que esta argumentação é falha? Afinal, o fato que existe um governo em todo país que se analise em qualquer período da históriao não basta para refutar este argumento, pois bastaria dizer que a eliminação do governo constitui um passo no processo evolutivo das sociedades.

Para entender porque a argumentação é falha nós podemos começar sobre o porquê o estado surgiu em primeiro lugar, embora esta análise não seja necessária. Por conta disto, quem por algum motivo não tiver interesse em ler esta parte, basta passar para o texto Nº3 b.

Uma das visões sobre a origem do estado vem da linha de pensamento contratualista, de acordo com a qual os homens entraram de comum acordo sobre a necessidade de existir um governo que evitasse que os homens, até então livres, utilizassem de suas liberdades para matar uns aos outros.

Particularmente, eu acredito que esta visão é um bastante ingênua e até infantil, pois ela dota os seres humanos de capacidades de abstração, coordenação e racionalidade sobre humanas. Qualquer pessoa que já foi a uma reunião de condomínio sabe que a possibilidade de tal cooperação é extremamente improvável.

A possibilidade que considero mais factível é que os homens, que são demasiadamente fracos para viverem sozinhos na natureza e por isto se agrupam, criavam estruturas centralizadas de comando por estas serem mais eficientes para garantir a sobrevivência do grupo. Ou seja, apenas os grupos que, por algum motivo, centralizaram o poder com um grupo conseguiram sobreviver.

Enquanto no período inicial os grupos precisavam do compremetimento de todos os seus membros com os interesses coletivos, conforme a sociedade foi se desenvolvendo e foi ficando mais forte, cada vez menos necessária era a colaboração de cada membro do grupo.

Uma consequência deste processo de crescimento foi o aumento da complexidade das relações sociais...


¹:http://depositode.blogspot.com/2007_10_01_archive.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Nº2 devaneios noturnos

Um misto de ansiedade e preguiça se abateu em mim nesta madrugada e eu senti uma ânsia um tanto quanto despropositada de escrever.

Queria escrever sobre um caso que ouvi, sobre o assassinato de um pai de família que, ao deixar duas filhas e uma esposa desprotegidas, acabou permitindo que membros da comunidade onde vivia invadissem a casa para roubar e "desfrutar" das mulheres. De fato, por mais condenável que sejam estes comportamentos destes criminosos, não se deve deixar de notar que eles agiram de acordo com o que qualquer outro predador faria: atacar a presa mais frágil.

O propósito principal deste conto seria não chocar o leitor, mas sim o de defender a tese que o homem não se diferencia dos outros animais apenas por pertencer a espécie. Ou seja, argumentar que é a capacidade do ser humano de pensar, abstrair e de imaginar meios e objetivos que tragam maiores satisfações que o diferencia do mero animal¹.

Mas foi neste ponto que eu percebi todo o paradoxo desta minha intenção.

O desenvolvimento do animal homem na sua forma mais simples para algo mais desenvolvido implica em um esforço deste para desenvolver suas faculdades mentais e a de realizar trocas com os outros. Ou seja, para o ser humano deixar de ser um mero animal movido por instintos primitivos, ele precisa desenvolver a capacidade de se comunicar.

Logo, o texto que eu pretendia escrever seria não uma contribuição, mas sim um enaltecimento aos leitores do mesmo, pois todos os que fossem capazes de ler o que eu pretendia escrever já teriam transpassado este patamar inicial que separa os homens bestializados dos civilizados.

Portanto, este texto serviu apenas para me mostrar:
- A utilidade da preguiça: Por vezes nós achamos que temos que fazer algo, mas por motivos que desconhecemos deixamos de fazer. Mas este sentimento que chamamos de preguiça pode ser uma manifestação da nossa intuição que nos aponta que determinada ação deve ser infrutífera.
Foi o que aconteceu neste caso. A preguiça me salvou de escrever um texto totalmente despropositado. E a ausência de preguiça me indica que este texto pode não ser de todo inútil.

PS: Caso alguma feminista tenha se sentido ofendida, em partes como "homens bestializados" eu me refiro tanto a homens com a mulheres.

¹: Que me perdoem os ambientalistas e biólogos pelo mero animal.

Nº1

Por vezes eu ouço a frase "eu sei o que é, mas não sei explicar". Para mim a mensagem que chega é: "eu não tenho a menor idéia do que eu estou falando, eu só quero você acredite que eu sei."

Quem executa uma ação não precisa saber explicar o porquê fez. Faz por instinto, por ideologia, por preguiça, por ambição... Nada mais verdadeiro que uma ação não pensada.

Mas quem acredita, quem vive no mundo das idéias, não tem este luxo. É no mundo das idéias que o homem deixa de ser um simples animal, é lá que ele transforma suas crenças, constroi suas ambições e estuda como alcançar objetivos.

Em verdade vôs digo que quando somos provocados (ou seja, recebemos do meio algum estímulo que nos faz agir, coisa que acontece a todo instante do tempo) nós reagimos como animais. Nossa diferença não é o que nos rege na hora da ação, pois nós agimos primeiro e pensamos depois, e sim a nossa capacidade de previamente perceber que nossas ações trazem muito mais consequências do que imaginavamos antes.

Ou seja, nesta primeira postagem eu deveria dizer porque eu criei este blog e o que eu quero com ele, e espero ter deixado claro nos parágrafos anteriores que eu não tenho a menor idéia.

PS: note que o fato de agirmos como pessoas civilizadas não implica nosso distanciamento dos animais. Assim como um belo filhote de chiuaua, pessoas também podem aprender a dar a patinha.