Então, baseado no exemplo visto no texto Nº3 c, vimos que a existência de um governo não se justifica por qualquer característica sobrenatural que o permita coordenar as demais pessoas de modo a deixar todo mundo em uma situação melhor. De fato, as pessoas concedem ao governo este poder sabendo das limitações do governo.
Antes de qualquer análise, todavia, cabe ressaltar o óbvio: não estou sugerindo que esta seja a origem do estado, só fiz um trabalho mental para examinar a situação mais desfavorável ao surgimento do estado e, para partir dela mostrar porque a existência do estado é imperativa.
O que acontece é que cada pessoa tem problemas demais para se preocupar e elas não estão dispostas a perder tempo com isto. Ou seja, as pessoas elegem prioridades e assumir responsabilidades só vale a pena até um certo ponto.
Então o que acontece? Os indivíduos se focam nos problemas que lhes dizem questão diretamente. Eu quero ser capaz de decidir a roupa que eu vou usar ou a profissão que vou exercer, mas não tenho interesse em determinar se o Manoel da padaria vai poder trafegar na rua em frente a minha casa cantarolando Sandy e Júnior.
Ou seja, temos que o governo deixou de ter um caráter de protetor de seus membros contra ameaças externas e passou a desempenhar uma função tal como se fosse uma empresa prestando serviços a sociedade. Pode parecer absurdo a primeira vista este argumento, mas observe que todos os elementos se encaixam.
De fato, o governo atua nos serviços que as pessoas sabem que são importantes o suficiente para não querer se privar totalmente da responsabilidade dele, mas que ao mesmo tempo eles não tem interesse em intervir pessoalmente. Esta é a própria idéia do voto: decidir sobre assuntos importantes uma vez a cada quatro anos.
O mais belo desta teoria é que ela explica não apenas a idéia do governo, mas também os porquês de vários dos “problemas do governo”. Vejamos os seguintes exemplos.
Uma das queixas ao governo é que ele não trata a todos como iguais, favorecendo aos mais ricos. Em bancos, diriam que este tratamento é prime, ou numa balada que o cara é VIP.
Outra crítica é que o governo nem sempre pensa no que é melhor para os cidadãos. Mas se o governo atua como uma empresa, ela tem que se preocupar é com os seus interesses, e isto implica que nem sempre as vontades do povo serão atendidas.
Mais dois pontos e eu encerro. O primeiro deles é sobre a exigência de que todos os cidadãos obedeçam às leis. Dizem que o governo não tem o direito de impor nada a população, que isto constitui um desrespeito aos direitos de propriedade.
Todavia, a falha deste argumento é que esta imposição não vem do governo e sim da sociedade. Se uma pessoa decidisse não participar das regras ela, mesmo sem desrespeitar os direitos de propriedades dos demais, traria enormes chateações para os demais indivíduos, os quais fingiriam não ver se o governo fizesse algo contra ele e recompensariam o agressor. Por exemplo, se uma pessoa fosse dona de parte da Avenida Paulista e ela quisesse impedir o tráfego de pessoas por ela, naturalmente ela morreria (como diria Yoda).
Por fim, em relação ao objetivo de maximizar lucro das empresas. Supondo serem os políticos os donos desta empresa, cada vez que sai no jornal o enorme volume de gastos da Câmara com seus membros pode ser considerada uma divisão dos lucros entre os sócios.
Portanto, temos que a existência do governo se justifica somente porque assim as pessoas desejam. Logo, assumir que a existência de governo é nociva aos interesses individuais é uma contradição.
Um comentário:
Eu não entendi pq justificaria a "necessidade" de governo (não lembro se era essa sua intenção)...ou se era só explicar como de fato os governos se formaram..... se era explicar só como o governo se formou, então não é um ataque ao meu texto pq em nenhum momento eu disse q ia explicar isso.... era uma defesa do porque deveriamos (normativamente) ter governos.
O texto não tem uma justificativa p/ a necessidade do dito cujo..... é só uma tragica consequencia de não se ter governo.... aliás, o pulo de uma empresa privada gigante p/ um governo tbm ficou nebuloso..... as pessoas passam a usar a força contra os "não satisfeitos". OK! Eu até acho que governos se formaram com base na força sim e não em contratos a la Locke. Mas isso não é uma justificativa normativa p/ o governo. A não ser q escravizar seja um valor, algo bom, desejado segundo algum critério normativo.
ah e a idéia de concentração..... ora, economias de escala não explicam concentração de qq coisa.... é preciso saber pq aquilo teria economia de escala....além disso, como se sabe dessas coisas sem mercados?.... e mesmo com economia de escala tem o tal pulo de empresa voluntaria, privada p/ governo....
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